quinta-feira, 8 de março de 2012

A Falácia do Eunuco


Eu me lembro de quando as mulheres
Ainda versavam minha pobre rima
Pois hoje em repugno aos lábios de baixo
Dispenso os beijos dos lábios de cima

Ora, por mais que os ventres do Éden oriundos
Fizeram-me um dia caviloso prisioneiro
Não me sucedo às várzeas da fenda tão fecunda
Pois nunca fui cativo que honrasse o cativeiro

Confesso, já provei a doçura da carícia alilasada
Mas somente o suor, sal irídio do oceano
Tal como a aspereza da areia marejada
Detêm o calor que me arrefece
Outrora intumesce
Meu corpo insano
Pobre falo diocesano
E esta ferida arroxeada

Sim, eu já me deitei com elas
Mas a cama d’eles me foi mais convidativa
Tal como uma donzela
Abri-me à falácia da goela
 Como se aquela
Sinuosa e esquiva
Moça inepciosa, tão bela
Possuísse-me, impugnativa

Festejo pelas núpcias
Que nunca serão consumadas
Das ancas, ao contrário das minhas, tão súcias
 Inexpugnavelmente seladas

Seladas foram quaisquer possiblidade de abrasão
Que me alcance por afeminado intento
Deflorados já foram meus selos pelo alazão
Que me conspurcara num fraquejo tão sedento

Valha-me, clitóris que uma só vez me aninhou
No primogênito e inócuo rebento
Socorrido no conspurco aqueijoado
Por másculas mãos afagando meu alento

Alenta-me, então, mãos de mulher
Como boas amigas, companheiras de caça
Pois se o desejo por ti ainda me convier
Juro, cairei em desgraça

Um comentário:

  1. bela poesia. To achando q vc ta desejando um clitóris. tá saudoso.

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