A lua que te ilumina
Não é a mesma alva carnificina
Que resplandece meu anoitecer
Pois tenho de confessar
Que a beleza do meu luar
É apenas o sol disfarçado de escuridão
Sempre, então, que o sol se deita
Sempre, então, que o sol se deita
Evoco os deuses de minha seita
Que cultua apenas meu próprio umbigo
Às vezes, porém, não consigo
Renegar o ardor do inimigo
Que intumesce meu coração
Os outros são o meu inferno
Quando a força de um amor tão terno
Arrefece as vísceras dentro de mim
E o sangue percorre finalmente
A pobreza não tão inocente
De minhas rimas foscas e luarentas
Tais palavras de queixume
Céticas, alcançam o cume
De um inalcançável Olimpo sem fé
Não alcançam, no entanto
Nem de leve, nem quebranto
A profundeza dos seus olhos cansados
E o meu amor só se solida
Quando a lua tão esquecida
Conquista um beijo ardente do sol
Tal beijo, no entanto, jamais se consuma
Nem mesmo quando a mágica da bruma
Amarra os corações dos incrédulos
E de quebra me amaldiçoa a vida
E recende o odor da ferida
Ferida aberta para o luar entrar
Acontece que a lua é trapaceira
Pois mesmo quando sem eira nem beira
Sabe como pechinchar um romance
Mas como disse, eu
não tenho chance
Pois minha esperança é apenas um relance
E minha lua é só o sol disfarçado de escuridão.
Se não gostasse tanto de você... Sentiria muita raiva por ter que disfarçar a grande inveja que você suscita... Por ser tão além do que podemos alcançar com todos os rótulos que temos nas gavetas... prontos para facilitar nossa vida de relacionamentos. Você é desconcertantemente um grande poeta... E eu admiro muito você conseguir seguir em frente sendo ainda tão pequeno... Beijo carinhoso!
ResponderExcluirDeusimar