domingo, 7 de agosto de 2011

Vida longa ao Rei!


Mudanças não são obrigatórias, porém, necessárias. Hoje minha água tem sabor de vinho, meu feltro se refaz em cetim, meu ar já não mais fede nem cheira. Cultivei os colhões que abaterão tua arrogância e me sentei de costas para o que chamo coração. Foi sim.
Eu precisava de uma mudança e ela veio, a passos largos e intercalados pelo silêncio, mas veio. Por isso hoje posso dissolver esta pachorra da natureza, um corpo solteiro, uma alma enamorada. Olhos virados, braços cruzados: sou eu absorvendo o último flash de sua triste imagem; patética, é verdade, mas triste.
Felicidade? Encontrarei noutros braços quaisquer, mais fortes, menos atados. Ela me vem de dentro, de um vale verde onde os olhos maus não podem ver. Neste vale você reinou como reina um asno, pisou na grama como pisa um trasgo e regou as flores feito um bêbado que mija.
Meu reizinho deposto, vá se satisfazer nas plebéias que lhe enchem os olhos, que lhe esvaziam o espírito. Come dessa carne de segunda e bebe desse vinho batizado. Desce deste alambrado, vosso trono é a sarjeta e tua espada não tem dono. Esta é a minha despedida. Abandone esse encargo sem herdeiro e, com todo o respeito, majestade, volte para as masmorras e só saia de lá quando tua coroa for dourada outra vez. 

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