terça-feira, 23 de agosto de 2011

O rabo do gato



Mãe Maria tinha um gato
Chamava-se sodomia
Rezava num canto gaiato
Paria na sacristia

No sacro novelo do gato
Agulha de ouro encontrou
Encontra num pé do sapato
O gato gaiato que sou

Gaiato, no pé do sapato
No canto, na sacristia
Ou trançado no rabo do gato
O rosário de Mãe Maria.

No olho embotado do gato
Esperando que a carne sobre
Ou no ronronado gaiato
Rima rica e rima pobre

No gato, sem rima e sem tato
A pobre repetição
Repito a palavra gaiato
E os movimentos de contração

Gaiato, repito, gaiato
Como repito a sodomia
Assim como o nome do gato
Do parto na sacristia

De fato, não foge o gato
Pois quem foge é Mãe Maria
Correndo, calçando o sapato
Do gato ou demônio que ria.

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