sábado, 26 de março de 2011

Jogatina


A bidimensionalidade em que me encontrava era angustiante, mas você me resguardava e isso me fazia seguro. Vi meus amigos serem sacrificados a cada gole que você tomava. Eles me invejavam, pois eu não era o único que via como você me olhava. Às vezes você me escondia, às vezes você sorria para mim, às vezes você agia como se eu não estivesse ali, às vezes você me apertava com demasiada força, mas aquilo me excitava e eu queria mais. A noite foi adentrando as vidraças de acordo com que a fumaça de teus amigos tomavam conta da situação e a cada segundo eu me sentia mais importante, aconchegado em teus dedos quentes. Todas as marcas de bebida desfilaram sobre nossos olhos, mas tua embriaguez não te impediu de me amar. Ditirambos e cânticos fálicos começaram a brotar com a chegada da madrugada, tua boca espumava, teu pelo arrepiava e teu corpo afundava cada vez mais na cadeira. Um odor doce e ácido começou e se apoderar da sala quando você me apertou com força sobre o teu peito, senti tua respiração como fogo que queima, e teu coração sussurrando nomes que eu não conhecia. Com a chegada do sol eu escorreguei pro meio de suas pernas, e lá me aqueci e me esqueci de tudo, e temi que meus pensamentos pudessem perfurar sua pele. Já se ouvia gemidos às nossas costas quando você me levantou bem alto e me lançou sobre a mesa. Todos me olharam como seu eu fosse ouro, e a cobiça em teus rostos me fez arrepiar de tesão. Por uma última vez você passou a mão em mim. Então vi você se distanciando, me abandonando. E durante aquela manhã tão fria, enquanto eu encarava colcha esverdeada na qual você me largara, ouvi os teus gemidos no lado oposto da parede.

Um comentário:

  1. puta q pariu adoreeii o texto essa luxuria alvarez de azevedo, para ficar completamente alvarez de azevedo faltou a obscuridade mais ameii o texto

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