domingo, 2 de janeiro de 2011

Sua Estrelinha, Meu Sol...


Hoje eu acordei com cara de segunda-feira. Levitei sobre uma realidade morna e chata que nem as asfálticas galerias das grandes metrópoles conseguem oferecer.  Sentei defronte esta minha caixa tão cheia de zumbidos que contemplo toda tarde, e encarei você.
Suas feições eram as mesmas das outras tardes, sustentavam aquela mesma maledicência com cara de sábado à noite, ainda assim te olhei por um longo tempo. E aos poucos essa sua nova verdade foi adentrando na minha conformada condição: Aquele não era você.
Quando finalmente compreendi fui tomado por uma tristeza que não era daquelas que fazem a água brotar dos olhos da gente, era daquelas que fazem você sentir pena. Pena dos outros, pena de si, pena do que está por vir... Uma tristeza daquelas que você ainda consegue manter um distanciamento tão racional que me faz imaginar as vezes que não passo de um ponto luminoso no espaço, condicionado a orbitar a sua volta. Uma estrela que pede desesperada um mínimo cessar em suas reações nucleares, que pede um pouco de escuridão, que tenta abandonar o seu brilho para que os seus olhos possam ao menos uma vez enxergar as coisas como elas são.
Comecei racionalizar sim, e foi assim que me vi.
Comecei me enxergar sim, e foi assim que racionalizei.
Comecei a começar sim, e foi assim que comecei ver, ser, e raciocinar. Percebi então o pior de tudo, que mesmo depois de encontrar todas estas verdades: Eu não me arrependia de nada.
Sei que é ilógico, mas a estrelinha queria sim continuar a sua volta, queria sim ter você como um alguém a iluminar, queria sim ser a sua escrava de todas as noites cheias de outras e outras estrelas que não fossem a mim! Venha de uma vez! Venha acreditar numa integridade que só dediquei a você! Venha ser o núcleo de minha órbita! Venha de uma vez! Venha ser meu sol! ...
E nesta noite, Sentado de frente aquela mesma caixa cheia de zumbidos de todas as tardes parei e encarei a mim.
Minhas feições eram as mesmas das outras noites, sustentavam aquela mesma grandiloqüência com cara de madrugada, ainda assim me olhei por um longo tempo. E aos poucos essa minha nova verdade foi adentrando sua inconformada condição: Aquele não era eu.

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