sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

A lua, O Astro, O Pólen, O Porto, E a ausência de mel.


Voltei pra aquela mesma linearidade. Depois de ser abandonado pela minha Lua pensei nunca mais ter sentido isto, mas você me relembrou dessas sombras, meu Astro. Acreditei que, depois de tudo que passou, eu enfim encontraria o coração correspondente que sempre sonhei e que sempre vi em você, pois era assim que você se apresentava sob os meus olhos. Acabei descobrindo que os meus olhos não eram assim tão perspicazes, que existia uma cortina encerrando eles, feitas de um pesado e grosso tecido que eu chamava de amor.
E os conselhos que ouço são os mesmos daquelas outras noites sem Lua, eles retornaram neste meu novo abobadado céu sem Astros.
Eles dizem que você não me merece. Mas não me merece por eu ser muito ou não me merece por eu ser pouco demais, pra você?
Eles dizem que muitos outros astros estão por vir, e que num lindo futuro e além, você não passará de rala e ignorável poeira cósmica... Eles acreditam que, assim como fiz com minha lua, darei as costas a você e te deixarei a iluminar um outro extremo de meu mundo que prefiro não dar muita atenção.
Eles olham pra mim e vêm uma pureza tão fajuta que nem você se convenceu, mas foi você quem a despertou.
Eles me vêm como uma abelha em busca de um pólen doce demais para mim, e com um ferrão demasiado afiado para minha pouca idade. Enfim, sou um filho de vários pais, serei o eterno bebê nos braços das Estrelas-mãe que rogam por mim caminhando por este mesmo chão que eu.
Eles me vêm como o filho que terão um dia, uma criança tão pacífica que usa ridículas abelhas, no lugar de serpentes, na hora de descrever você.
Eles me vêm como o reflexo de uma ternura que só você presenciou, que só você apreciou, que você fez pouco caso.
Eles me vêm como aquele que os deixou de lado pra ir atrás de uma esperança que tinha tudo pra falir como faliu.
Eles me viram como a criança que se fez homem num contexto tão diferente deste ao qual relato.
Eles me fizeram acreditar que mesmo contra as vontades deles eu deveria lutar pelo o que queria, assim como lutei.
Eles viram em mim o sonho duma felicidade, da mais fantasiosa delas, e que até mesmo eles começaram ver em você.
Eles foram o meu porto seguro, aquele que você não conseguiu ser.  

2 comentários:

  1. Profundo! Consegue tocar no âmago!
    Parabéns!

    ResponderExcluir
  2. Eu mi surpreendo a cada dia com esse garoto!
    Um singelo sentimento relatado como a mais esporádica vissicitude adolescente.

    ResponderExcluir