E quando percebi já era tarde, eu estava chorando outra vez.
E assim eu continuaria, não fosse a chuva fina, que tamborilou na janela e foi encontrar minha pele um pouco mais adiante. Ainda meio sem vida, sequei com os lençóis aquela mistura homogenia e límpida de chuva e lágrima que descia pelo meu peito. Me demorei admirando o meu próprio umbigo, meus joelhos, minhas pernas...
Olhei pro meu reflexo enegrecido na TV desligada em minha frente. “Patético”, pensei. Tentei voltar novamente à atenção pra aquilo que minhas mão seguravam: um livro pequeno, capa dura, esboçada com uma árvore, um sol e um menino. As últimas sensações daquela página ainda resvalavam pela minha cabeça, tentando me fazer relembrar o ponto da história em que eu havia parado. Lembro-me de uma dose de gim... E de um beijo.
Mas lá estava, destacando-se sorrateiro dentre as últimas folhas do livro, a grande e patética motivação de ser preciso mais uma vez enxugar o meu rosto depois duma noite mal dormida. Uma orelha de papel já amarelada, que sem pensar duas vezes, num movimento quase que mecânico, quase que frenético, quase que desesperado, a puxei, desdobrei, e encontrei mais uma vez aqueles seus olhos risonhos e miúdos olhando pra mim cheios de falsa inocência.
O porquê daquele martírio voluntario eu não sabia, mas toda noite antes de dormir aquela fotografia velha estava pairando sob o meu olhar. E eu sentia que ela queria ser observada, a sentia vibrando entre meus dedos quando a olhava pra ela de maneira tão intensa, sabia ainda que ela tinha medo de se acabar em chamas por debaixo do fogo dos meus olhos... Por debaixo das labaredas do meu corpo, em meio o vulcanismo enlouquecido que corria dentre as minhas entranhas.
Ah! E quantas e quantas erupções você não presenciou, não é? Aquele seu gemeozinho de tinta e papel sabia sim como me incitar às coisas! Sabia me trazer nas noites sozinho aquela felicidade fácil, aquele prazer barato; aquela agonia de ter que me contentar com uma maldita foto colada no teto do beliche, na frente de meus olhos aguados... Você estava lá! Velando a minha maledicência, rogando pela minha Solidão! Me fazendo acreditar que aquela enganação podia nos aproximar um pouco mais!
O pior era ver que dentro daquele quadradinho você não reagia, chegava a ser cômico uma cena minha em prantos enquanto você sorria eternamente dentro de seu insolente papel. Uma coisa era certa, e apesar de todas as minhas incertezas, aquele não era você!
Depois de te encarar por mais uma outra e nova eternidade, apertei sua fina existência contra o meu peito e fechei os olhos.
Dormi com você essa noite, você é quem não dormiu comigo...
E quando percebi já era tarde, eu estava chorando outra vez.
Feliz Ano Novo!
ResponderExcluirAno Novo 2011 Celebrações Fireworks Volta ao Mundo
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Happy New Year!!
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escreve muito, mas muito bem! só precisa deixar um seu blog um pouco mais limpo, essa letra minúscula dificulta um pouco, mas eu amei. Está de parabéns ;*
ResponderExcluircaso queira visitar o meu blog, desculpa eu n escrevo tão bem... mas seria uma honra ter sua visita. obrigada!
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