segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Coágulo


Ah! O homem!
O forte,
O fraco,
O duro,
O tolo,
A ameba divina,
A grande condensação de um universo chamado insatisfação!
A grande condensação de um universo chamado bosta!

Ah! A bosta!
A forte,
A rala,
A dura,
A tosca,
A ameba divina,
A grande condensação de um universo chamado digestão!
A grande condensação de um universo chamado bosta!

Ah! Por quê?
Será que o homem não vê?
Será que a mulher não enxerga?
Sim, pois o homem vê, a mulher enxerga, enquanto as crianças contemplam!
Não, não vêm.
Não, não enxergam.
Não, não contemplam.
Nenhum deles percebe que a única desgraça do mundo é não nascer!

Ora! Qual é essa de se esvair atrás de uma coisa tão vaga como a felicidade?
Ela não enche a barriga!
Ela não te dá moradia!
Ela nem faz questão de fazer parte de ti!
A Terra não passa de um grande coágulo do sangue dos humilhados
E a felicidade é a ultima lágrima que escapou dos olhos de um Deus e caiu sobre ele.

Um comentário:

  1. Todo começo merece ser relevado. Como o primeiro jato que se despreza antes da coleta efetiva.
    E também é válido contrapor esse início com as obras mais recentes.
    Dizem que, para se conhecer a obra dum escritor, não se deve especular muito se o que ele escreve é autobiográfico ou não.
    Mas o que fazer quando se deseja conhecer o homem que escreve?

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