Enxergo, bem alto no céu, estrelas que florescem a guisa de um novo tempo. Todos vestidos de branco, ilustrando uma pureza que minh’alma não detém. Os fogos que multicolorem o negrume do horizonte não são capazes de aquecer a frieza que se abate no meu coração, pois o meu corpo é chama que queima, sinuosa labareda, mas meu calor é ficcional e não pode ser contado em números, tampouco em graus.
Absinto-me sozinho, mesmo quando em teu abraço, aconchego que me acolhe já no intuito de largar. Apesar de que, quando ao teu lado caminho pelas ruas de pedra tolhida, ancestralizo em meu peito instintos de uma era da pedra lascada, ânsia animalizada que sodomisa e, bestialmente, me faz possuído na gana de sentir-te em mim. Profundas são estas querências. Bestiais, insisto em dizer.
Sei, e me faz bem saber, que existem sim sublimes sentimentos na rudeza do teu olhar. Os teus olhos, porém, de quando em quando se fecham, de sempre em sempre se desviam, de nunca em nunca se prendem num só contemplar. Contemplativo é o amor que irradia do teu peito: vislumbra, consome e se vai sem nem mesmo limpar os beiços, sem lavar as mãos, já farejando a doçura doutros lábios, assim como os meus, tão doces, tão juvenis.
Doravante, não anseio fazer-te meu e somente meu: tamanha felicidade me mataria. Note, na alvura das vestes dos nossos amigos, a brancura que anuncia a calmaria na qual me mergulhei. Eis a alvorecência do meu coração apaziguado, mas se existem manchas na minha amada palidez a culpa é sua. No entanto, astuta criancinha, meninão de longa data, absolvo-te toda culpa e pecado, pois são elas, pecaminosas virtudes, que me amarram a ti.
Amo-te no silêncio, apesar do quão gritante é o medo que me revira as entranhas, vibração tão visceral. Pois, assim como o tempo hoje se despede, temo que a tua despedida seja sempre a derradeira. Mesmo sorrindo, mesmo cantando, és capaz de me traduzir quando te observo dormindo, assistindo o teu sono, dançando tua respiração ruidosa. Tão lindo, tão plácido, tão faceiro.
O tempo é novo, o ano também é. Eia, pois, vida nova. Cristais da terra brindando aos fogos no céu, mas hoje não é o cheiro da pólvora nem o sabor do álcool que me fazem arder e umedecer as vistas. Faço-me copiosamente inerte nesta atmosfera de renovação, cultivando em mim fúnebres aspirações, pois sinto saudades até mesmo quando te atraco num beijo. E meu amor silencioso se faz sólido. Mas você sabe, e te faz bem saber, que quando lhe desejo um “feliz ano novo” queria na verdade gritar que eu te amo.
Nossa perfeito o seu Blog, Visito ele quase todo Dia pra ver se tem Postagens novas , Perfeito ta de parabéns
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