terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Os parágrafos do menino



Era uma vez um menino – é nessa parte que lhes dou a liberdade de escolher entre terminar de ler ou então ir vender seus corpos de maneira muito fina e digna em tuas páginas online, nisto que a gente chama de grande conglomerado de redes em escala mundial de milhões de computadores interligados pelo TCP/IP que permite o acesso a informações e todo tipo de transferência de dados (internet, para aqueles que não apelam para a Wikipédia, como eu).
Certo dia um belo dum progresso aconteceu na vida deste menino: as pessoas se sentiram confiantes em encarar o segundo parágrafo de seu texto. Ele ficou feliz, sabe. Então resolveu inventar uma historinha, pois aquela que ele pretendia contar não era muito cativante e ele temia não conseguir a atenção para um terceiro que viria.
A historinha começa assim: “Era uma vez um menino”. Daí pra frente ele começa jogar na cara de vocês o quanto são burros de continuar apreciando uma pessoa que acaba de mandar vocês irem dar a bunda. Ainda têm essa libertina, é claro – é neste ponto que você dá um sorrisinho amarelado e pensa o quanto esse menininho é genial. Não, ele não é.
O quarto parágrafo começa tentando fazer você acreditarem que ele não passa de um blogueiro estúpido metido a ser inteligente, rebelde e prepotente. Este objetivo o menino não alcança, eu sei; e ele ainda é genial, naturalmente.
No quinto parágrafo esse menininho começa a perceber que já está pra ficar meio maçante esse lance de divagar sobre parágrafos, mas daí ele se lembra que lhes deu a chance de se esquivar ainda lá em cima e pensa ligeiramente em lhes mandar vender o corpo mais uma vez, mas acha melhor não. Daí pra frente ele tenta realmente frustrar a sua beleza provando então que você está de fato lendo algo totalmente sem conteúdo, você nem se importa.
Pra manter uma estética e não ter um parágrafo muito grande ele começa um outro, o sexto, acredito. Que bonito, ele acha que vai conquistar você usando dessa displicência fajuta. Enfim, ele consegue.
Então pra não perder o costume ele pensa em criticar naturalmente as novas tribos urbanas, as redes sociais, o rock adolescente nacional, mas ele percebe que com isso vocês realmente parariam de ler e não é isso que ele quer, apesar de tentar induzir o leitor a isso. E de maneira esplendorosa ele termina a sexta pauta se contradizendo e se denunciando.
Ele acha que seria interessante finalizar num número tão auspicioso como o “7”, o numero do poder, o número do mistério, o numero de vidas de Garfield, o número de sorte da maioria das pessoas que não tem criatividade, o número de horcruxes  obtidas por Lorde Voldemort em toda sua vida depois de abandonar Hogwarts! Daí ele faz uma coisinha idiota para terminar o texto e deixar você com cara de paisagem, mirando seu LCD, com a mão descansada sobre o mouse. Antes disso ele pede para que não tirem a mão do mouse, pois seria desonesto. Pede ainda que caso ele esteja errado recoloquem a mão no mouse, isto para não frustrar suas expectativas de futuro escritor. Já firmadas todas as considerações ele então resolve desafiar vocês a parar de ler agora... Vocês não param, ele vence, ele é foda, ele é genial, ele manja... Ele não é eu. Imagina!

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