sexta-feira, 26 de novembro de 2010

O limbo



Hoje eu não acordei, não esperei o meu minucioso processo matinal em que as sete partes de minha alma voltam obedientes para o meu corpo, simplesmente deixei meu corpo me levar, simplesmente me recusei a abandonar o sonho que perdurou sobre mim durante esta noite, simplesmente não queria esquecer aquele fantasioso momento que vivia com você. Pois se em vida é tão difícil te encontrar, deixe-me saciar de ti no âmago do meu espírito. Ou não dá? Ou você não é daquele jeito que imagino? Ou será que este meu sonho é sonhador demais?
Hoje eu não te encontrei, não tolerei o minucioso processo em que minhas pernas buscam desgovernadas pela sua presença, simplesmente não deixei meu corpo me levar, simplesmente me recusei a abandonar aquela realidade que eu não tive com você, simplesmente me recusei a esquecer aquelas fantasias de vivências sem você. Pois se mesmo em sonhos é tão difícil achar um você autêntico, deixe-me inalar então estes seus vapores cheios de pecado. Ou não dá? Ou não existe afinal um autêntico você? Ou essa verdade na qual enxergo você é verdadeira demais pra mim?
Hoje eu não me deitei, não consegui mais uma vez realizar o minucioso processo de devolver minha sedimentada alma ao mundo das coisas indiscriminadas, simplesmente fiquei trancado num devaneio napoleônico, simplesmente fui forçado a crer numa dualidade que nunca existiu pra mim, num alternar dimensional que me enlouqueceu eternamente e que me deu você. Pois se mesmo na loucura não consigo te entender, não me deixe saciar das suas verdades incertas. Ou não dá? Ou isso diverte você? Ou seu orgulho não pode deixar a felicidade, que é você, chegar até mim?
Sentei de frente pro meu Deus e encarei... a mim.
Ah... Como sou lindo.

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