Oi meu bem... Como você está?
Estou do jeito que você me deixou,
Deixou-me deixado.
Eu tenho medo,
Eu tenho frio,
Eu tenho um cãozinho largado e sujo ronronando aos meus pés.
Eu tenho medo de olhar nos olhos dele,
De reconhecer espinhos,
De deixá-lo coberto de lenços molhados,
De olhar pra ele e enxergar você.
Oi meu bem... Como foi o seu dia?
Foi com cara de noite,
Janelas fechadas,
Olhos embaçados,
Sorrisos forçados e palavras doloridas numa parte indistinta.
Saiam rasgadas, embaladas por uma película de água e sal,
E pareciam levar consigo um pouco de minhas entranhas,
Uma porcentagem dos meus órgãos, como se faltasse uma parte essencial...
Digo apenas que meu peito parecia estar muito silencioso neste dia,
E basta.
Oi meu bem... Como vai sua vida?
Minha vida meu bem?
Minha vida anda meio inconstante!
Às vezes ela acorda sufocada por lábios que não são meus!
Por palavras que não são minhas!
Por imediações que não deveriam ser suas...
A minha vida não é capaz de sobreviver apenas dentro de mim,
Precisa de um pouco de adrenalina pra manter o sangue sempre quente,
O corpo sempre rijo,
A mente sempre ocupada!
Oi meu bem... Como vai...
Como eu vou?
Eu não vou a lugar nenhum!
Mesmo que tenha falido o nosso plano infalível...
MAS QUAL PLANO INFALÍVEL ERA ESTE QUE EU NÃO CONHECIA?!
Não, meu bem, não!
Coisas infalíveis não têm valor!
O medo da perca é quem traz o mérito do ganho!
Não é a água quem faz o banho,
É na verdade o sabão...
Oi meu bem... somente “oi” desta vez...
Se escorregar fizesse fim às histórias talvez nem vivos estivéssemos.
Se morrer fizesse fim à vida talvez não existisse Deus,
Se as despedidas consumassem os desencontros talvez não existissem navios...
É, meu bem, este seu universo sem fé nos homens está um tanto quanto... Gritante.
Hoje, neste dia com cara de noite eu novamente entoarei o brado:
“Acorda!”
“Foi-se o tempo dos deslumbres de criança, pelo amor de Deus, olhe na minha cara e vê!”
Independem as carências e as querências,
Quero você pra mim.
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