quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Medos, cavalos e promessas descomprometidas



Confesso, tive medo.
Mas uma sensação estranha trotava lamuriosa e tensa dentro de meu estômago,
Ou de minha mente, não sei.
Ou de sua mente, não sei.
Ou da mente de alheios, não sei.
Senti um galopar de dedos presunçosos que perseguiam meus rins
E uma marcha sinuosa que encontrava meus fluidos e descia lentamente por uma encosta talhada em rubis.

Confesso, tive medo.
Eram muitos os passantes,
E também os fumeados e os contemplantes.
Ah! Pobres granitos!
Lustrosos corrimãos!
Alva e lúcida porcelana!
Felizes deles que não tinham olhos...  E nem narinas.

Confesso, tive medo.
Medo de toques que tanto me atentam e me fazem satisfeito,
Medos que talvez nem fossem só meus,
Medos que nos levaram desesperados as escuras,
Medos que fizeram nascer dores, arranhões e culpas,
Medos que fazem acender outros medos
E que fazem apagar outras certezas.

Cumpra por favor! Cumpra!
Abandone os medos!
Ou pelo menos os reprima, os condense, os guarde em uma canastra de veludo cor-de-beijos...
E os entregue para mim.
Faça! Cumpra!
Se entregue de corpo inteiro assim como prometeu!
Nem sei se foi uma promessa, mas... Cumpra.   

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